quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Uma boa novela

De todas as telenovelas inéditas que estão no ar atualmente, sem dúvida nenhuma a melhor delas é “Lado a Lado”.


Surpreendentemente, os autores João Ximenes Braga e Claudia Lage conseguem contar uma história que mistura ficção com fatos reais sem cair no didatismo e sem se tornarem panfletários. A novela trata do período pós-escravidão, início das favelas no Rio de Janeiro, preconceito contra negros e contra mulheres livres e independentes, Revolta da Vacina, Revolta da Chibata... E tudo conduzido por uma trama contundente.

Há quem diga que a novela é lenta, que as tramas demoram a desenrolar. Embora não concorde com a colocação, mesmo que isso fosse verdade, tal lentidão acaba sendo ofuscada por capítulos visivelmente planejados e enganchados, diálogos muito bem construídos e escritos, além, claro, de uma direção precisa.

Com um elenco afiado e afinado, a novela ainda traz presenças não muito constantes nas novelas, como é o caso de Maria Padilha, Patrícia Pillar, Alessandra Negrini e Beatriz Segall (em participação especial que, inclusive, já se encerrou há algum tempo). É sempre muito prazeroso ver o talento de Camila Pitanga e Marjorie Estiano encabeçando e abrilhantando uma novela.

Não podemos deixar de citar Lázaro Ramos e Thiago Fragoso, os outros dois protagonistas. Com este quarteto, a novela conta a história destes dois casais, unidos pela amizade de Isabel (Camila Pitanga) e Laura (Marjorie Estiano), e que vivem situações muito parecidas ao longo da vida, só que de maneiras diferentes por conta de suas respectivas condições sociais e cor de pele.

Por fim, não podemos deixar de elogiar toda a equipe envolvida na novela, produtores, diretor de fotografia, figurinistas, cenógrafos etc. É uma produção caprichadíssima que enche os olhos do público que a assiste.

Diante, então, de tantos argumentos positivos, por que a novela apresenta baixa audiência? Muitos são os fatores, inclusive o horário de verão e o trânsito cada vez mais caótico. No entanto, é sempre importante termos em mente que alta ou baixa audiência não é sinônimo de um produto bom ou ruim. Apenas para citar alguns exemplos, “Fina Estampa” era péssima e teve uma boa audiência; “Força de um desejo” era ótima e teve baixa audiência, assim como a diver-tida “Desejo Proibido”.

O que acredito, em relação à “Lado a Lado”, é que ela tem uma trama forte, que traz situações e um clima um tanto quanto pesados para o horário das seis, onde o público cada vez mais gosta de histórias “água com açúcar”. E outra coisa que depôs contra a novela foi sua campanha de lançamento, convenhamos, com peças horrorosas onde os protagonistas apareciam muito feios.

Porém, nada tira seu mérito de ser uma inteligente e boa novela!

(por André Torres)

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A frustração do último capítulo

Escrever uma novela nunca foi tarefa das mais fáceis para os autores. Escrever uma novela de sucesso, então, hoje em dia é mais do que uma árdua batalha. “Avenida Brasil” conseguiu esse feito: sucesso na televisão, nas redes sociais e na boca do povo.

Não foi uma novela exemplar, teve suas falhas. Mas os acertos foram muito maiores do que os erros. A principal marca de estilo de João Emanuel Carneiro é a narrativa concentrada, com foco na trama principal do início ao fim da novela. Em “Avenida Brasil”, não foi diferente. No entanto, foi sua única novela em que todos os núcleos estavam muito bem amarrados com a história central.

Com um enredo forte, a vingança de Rita (Débora Falabella) contra a madrasta má, Carminha (Adriana Esteves), o autor conseguiu prender a atenção do espectador. Fato é que a novela não começou como um estouro. Seu grande sucesso chegou perto do tão falado capítulo 100 e sua aguardada reviravolta, onde Carminha descobre que Nina é Rita, sua enteada e a única que poderia acabar com seus planos de dar o golpe na família de Tufão (Murilo Benício).

Não podemos deixar de exaltar também toda a equipe de direção e produção. Não é à toa que o núcleo Ricardo Waddington anda na crista da onda na emissora global. É a equipe que, nos últimos anos, mais se preocupa com um acabamento geral: capítulos com uma direção impecável, cenas bem decupadas, fotografia caprichada, atores bem conduzidos. Além de sempre trazer um certo frescor em seu elenco (sim, existem muitas repetições; no entanto, há sempre boas surpresas).

E aí, diante desse sucesso estrondoso, começam as derrapadas. “Avenida Brasil” começou a andar em círculos, pelo menos aos olhos do público. O autor, desde o início, compartilhou com o público a maioria dos segredos dos personagens. Quando os outros personagens começaram a descobrir tais segredos, o espectador já estava cansado de sabê-los e dava a impressão de que a trama não andava para frente, o que não é verdade. Esta é uma armadilha perigosa para qualquer autor.

Em seguida, veio a história das fotos da traição de Carminha com Max (Marcello Novaes). Óbvio que, em plena era digital, é inaceitável que uma personagem perca provas tão importantes e que ela só as tivesse em cópias impressas. Pen-drive, computador, cd, DVD, e-mail na cabeça do autor não existem. Ele ainda teve a coragem de dar uma entrevista dizendo ser totalmente alheio a essa parafernália digital. Ok, ele até pode ser. Mas a pergunta que fica é: ele não tem colaboradores e pesquisadores que poderiam apontar tal erro grotesco?

E Begônia (Carol Abras), a irmã de Nina, então? Conta para um sujeito que acabou de conhecer na rua – no caso Max - que iria com a irmã no banco retirar o dinheiro de uma herança! Quem anda com uma fortuna em mãos nos dias de hoje com tantos bandidos soltos por aí?

Após isso, o país foi parando com a chegada da reta final da novela. Só se falava em Carminha, Tufão e Nina. De uma novela que conseguiu tal feito, espera-se, no mínimo, um último capítulo grandioso. E não foi o que aconteceu, por uma série de fatores.

Muitos reclamaram sobre a mudança de comportamento de Carminha, queriam que a novela terminasse com a personagem fazendo alguma maldade, provando que não mudou. A história de Nina e a madrasta se perdoarem ficou entalada nos espectadores. O grande problema não foi o perdão como epílogo desta trama eletrizante e, sim, a maneira como se conduziu para este final.

Carminha, no início da última semana, foi expulsa da casa do Tufão, enquanto berrava que não agüentava mais aquela família, apontou os defeitos de cada um numa cena maravilhosa. Em momento nenhum demonstrou arrependimento ou pena de estar tendo que sair daquele lugar. Depois se reaproximou de Ágata a mando de seu pai, e só tratava bem a filha com um propósito: dar novo golpe naquela família. Do penúltimo para o último capítulo, ela resolveu se tornar uma santa: livrou Nina e Tufão do pai vilão, assumiu a morte de Max para livrar provavelmente Jorginho (Cauã Reymond) da acusação, voltou a morar no lixão, aceitando o seu destino etc. Não houve uma curva dramática que justificasse a mudança desta personagem. Não houve arrependimentos. Não houve afeto. Tudo mudou como num passe de mágica, de uma hora para outra. E isso fica muito difícil de aceitar.

Descobriu-se também que o grande vilão da novela era Santiago (Juca de Oliveira), o pai de Carminha. De que maneira aceitar um personagem como o grande vilão da história, sendo que ele não estava na novela desde o início? Um personagem que sequer era citado por Carminha ou Mãe Lucinda! Caiu de pára-quedas na novela, próximo ao capítulo 100, e muito provavelmente sua trajetória nem seria essa que o autor resolveu dar. Em termos de estrutura dramática, não faz o menor sentido. Ficou com cara de mudanças de última hora.

Pior ainda é a história de Mãe Lucinda: pagou por um crime que não cometeu. Deu um tiro na esposa de Santiago, mãe de Carminha. O tiro sequer relou na referida personagem. Santiago é quem, num segundo tiro, matou a mulher. A polícia durante as investigações nunca descobriu e comentou nos autos, que Lucinda obviamente teve acesso, que dois disparos foram feitos dentro da casa no dia do assassinato? Apenas na cabeça do autor.

O último capítulo pedia um embate entre Nina e Carminha. O último embate, o maior de todos. Até poderia terminar em pizza do jeito que terminou. Mas não houve embate, não houve a grande cena. Elas não colocaram todas as mágoas para fora, uma na cara da outra. Simplesmente superaram tudo, como num belo conto de fadas. E, por conta disso, fica bem difícil de acreditar naquele abraço entre as duas, não?

Devido a essa ausência da trama principal, o ponto alto do capítulo – e ridículo, convenhamos – foi a “pepeta” do Adauto. “Pepeta” esta que sequer apareceu ao longo dos outros 178 capítulos.

Enfim, pelo que “Avenida Brasil” significou para a teledramaturgia nacional, ela jamais poderia ter acabado da maneira que acabou.

#OiOiOi

(por André Torres)

sábado, 10 de novembro de 2012

Em breve...

O blog NaTV andou meio parado, recebemos muitos e-mails perguntando o que aconteceu. Em breve estaremos de volta com novidades e ligados no mundo da teledramaturgia! Aguardem!