quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Algo diferente no horário nobre


Passadas duas semanas da estreia de “Fina Estampa”, podemos perceber algo inusitado no horário nobre: uma novela com cara de trama das seis ou das sete. Diferente do tom policial apresentado em “Passione” e o melodrama rasgado de “Insensato Coração”, a história de Aguinaldo Silva tem mostrado uma perspectiva positiva da vida.

Geralmente, as novelas das nove trazem temas polêmicos a serem discutidos, grandes situações, vilões maquiavélicos, amores tortuosos, perseguições, mortes e afins. Costumamos dizer que os autores podem “pesar a mão” no melodrama. Já em “Fina Estampa”, vemos todas as noites personagens batalhadores em uma Barra da Tijuca bastante ensolarada.

Aguinaldo Silva, antes do início da trama, já havia alertado que iria tratar o universo cotidiano e familiar dos personagens, causando identificação imediata com o grande público. Percebe-se que é exatamente isso que está acontecendo. Apesar de não sermos brindados com grandes acontecimentos e diferentes tramas interessantes, os personagens conseguiram laçar o espectador de jeito. É inevitável querer saber onde é que aquelas pequenas situações vão dar.

Uma trama que se pauta na vergonha que um filho, no caso Antenor (Caio Castro), sente por sua mãe pobre e batalhadora, Griselda (Lilia Cabral), não pode ser considerada criativa. Ainda mais, quando é seguida de todos os lugares-comuns possíveis, como, por exemplo, o filho arrumar uma atriz decadente para apresentar e enganar a família rica da noiva. Sem contar que a grande vilã é uma perua, ainda por cima interpretada pela Christiane Torloni (que não consegue mais fugir desse tipo de personagem e, infelizmente, anda se repetindo bastante).

Outra questão cada vez mais comum é o déjà vu de elencos nas novelas da Globo. É muito ruim ver atores que, no primeiro semestre, participaram de produções de sucesso (por exemplo, “Ti Ti Ti”) e, poucos meses depois, já estarem mais uma vez em cena, como é o caso de Caio Castro, Sophie Charlotte, Christiane Torloni e Marco Pigossi. No caso deste último, a repetição é ainda pior: o personagem atual, Rafael, é parecidíssimo com o playboy Pedro que ele fez recentemente. São talentosos? Sim, bastante. Mas, assim como eles, existem muitos outros atores, novatos ou não, que merecem boas oportunidades na novela. Sem contar que Ísis Valverde e Rafael Cardoso também estavam escalados para a mesma novela.

Não podemos deixar de destacar a volta de Marcelo Serrado à Globo num papel bem diferente dos violentos vilões na Record. Serrado é um ator de composição, poderia fazer de Crô Valério uma caricatura. Mas, pelo contrário, criou um tipo afeminado e contido e que, com certeza, irá render boas risadas.

Apesar do elenco requentado, a novela levantou voo em céu de brigadeiro. E o que esperar, afinal, de “Fina Estampa”? A resposta é uma incógnita. Não dá para se prever onde a história vai parar. Mas que a trama é fraca, isso é. Ou será um êxito ou um fracasso retumbante. Leve demais para o horário das nove. Esse talvez possa ser um fator que faça de “Fina Estampa” um sucesso no horário. Pelos índices de audiência, comparados com as últimas novelas exibidas, dá para se acreditar nessa possibilidade.


QUENTE
O início de romance entre Griselda e Guaracy tem rendido boas cenas e situações. É divertido assisti-los! Outra vantagem de “Fina Estampa” foi ter afastado o tom funesto que “Insensato Coração” deixou no horário.

MORNO
Christiane Torloni ainda não encontrou o tom de Tereza Cristina. Ora está over, ora um pouco melhor. Mas fica difícil acreditar que uma perua daquelas possa vir a se tornar a grande vilã de uma novela das nove do jeito que está.

FRIO
A atuação de Wolf Maya e Totia Meirelles como o casal Álvaro e Zambeze é, no mínimo, sofrível. Impossível ver qualquer característica daquele casal riponga nas cenas dos atores. Também há que se comentar as cenas em que a doutora Danielle Fraser (Renata Sorrah) aparece sozinha, bebendo taças e taças de vinho. Heleninha Roitman manda lembranças!

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