sexta-feira, 25 de março de 2011

O que é ser "Rebelde"?

Confesso que se tivesse escrito este artigo logo após o primeiro capítulo da novela “Rebelde”, exibida pela Record, ele sairia bem antipático. Tão antipático quanto soou os protagonistas da trama. Todos os seis personagens não demonstraram empatia nenhuma com o espectador logo de cara. Ok, eles são os rebeldes. Mas, afinal, o que é ser rebelde?

Rebelde, segundo o dicionário, é aquele que se rebela contra autoridade constituída, indisciplinado, indomável, indomesticável, bravo. Em nenhum momento falam de antipatia. Dos seis protagonistas, apenas Thomás (Chay Suede) e Diego (Arthur Aguiar) se apresentaram agradáveis ao público. E isso poderia ser um grande problema em se tratando de protagonistas e primeiro capítulo.

No entanto, passado mais três dias, posso dizer que essa primeira impressão passou. Um grande risco que os autores correram. Os personagens, aos poucos, foram mostrando suas motivações, fraquezas, problemas e relações. Acabaram enterrando a antipatia que, não necessariamente, está ligada à rebeldia. Com aqueles pais opressores e ausentes de todos os lados, não poderiam agir de outra forma. Rebeldes sob a ótica dos pais. Normais sob a ótica do público. Quem aguentaria viver com aquelas famílias?


Outra questão nítida e muito ruim do ponto de vista dramatúrgico são os pais e avó opressivos iguais. Todos eles criticam o modo de falar dos filhos (ou neto), a maneira como se comportam e exigem uma postura condizente ao status da família. Dos seis pais (ou avó), três tem a postura idêntica. E o mesmo tom e forma de interpretação. Ora, isso soa falta de criatividade. Afinal, existem diferentes formas de opressão por parte dos pais que tornam os filhos rebeldes. Reparem se não tenho razão.

Ivan Zettel, diretor da novela, surpreende pela qualidade de seu trabalho. Cortes ágeis e planos modernos são um dos destaques da novela. Aliás, a produção como um todo está bastante caprichada. Se a Record parar de preguiça e voltar com o mesmo gás de quando resolveu reativar o núcleo de dramaturgia, ela vai chegar onde quer, é só batalhar!

Por fim, podemos dizer que “Rebelde” está um passo a frente de “Malhação”. Parece estar mais próxima da realidade. Não que esteja. Temos uma grande dificuldade, na televisão, em retratar o jovem de maneira realista, tal qual no cinema. Como, por exemplo, Laís Bodanzky tratou em “As melhores coisas do mundo”. Há diversos fatores que impedem isso, dentre eles, a censura disfarçada chamada Classificação Indicativa, do Ministério Público. Porém, a mais acentuada delas é que não temos jovens escrevendo para jovens, mas, sim, autores de várias gerações atrás querendo escrever para os jovens atuais.


QUENTE
Adriana Garamboni está à vontade no papel de Eva Messi, chegou com tudo logo de cara. É muito bom vê-la em cena.

MORNO
A novela em si ainda está bem morna, mas tem grandes chances de esquentar ao longo do caminho. Margareth Boury é talentosa. Vamos ver como esses rebeldes se comportam!

FRIO
O desempenho de Juan Alba está bem aquém do que ele, em alguns de seus trabalhos anteriores, mostrou ser capaz. Está over.

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