segunda-feira, 4 de julho de 2011

O fenômeno "O Clone"

“O Clone” é uma daquelas novelas que podem ser reprisadas cem vezes que será um sucesso de audiência e cairá na boca do povo durante as cem vezes em que for exibida. São novelas que surgem como fenômenos de tempos em tempos na televisão, como “Vale Tudo”, “Roque Santeiro”, “Tieta”, “A Viagem”, “O Rei do Gado”, “Senhora do Destino”, entre outras.

Glória Perez foi muito feliz na criação de sua história, que, a princípio, parecia um tanto quanto maluca, mas cheia de amor, ilusão e licenças poéticas. Misturar a cultura muçulmana com a cultura ocidental e os avanços científicos na questão da clonagem foi um achado! Claro que a autora correu um risco muito alto com essa aposta, mas, como todas as grandes apostas, há também o risco de dar muito certo. E deu. Afinal, autor de novela está aí para isso, dar a cara a tapa.

Recordo-me que “O Clone” estreou no horário nobre da Rede Globo numa época em que várias novelas das oito mantinham suas audiências, mas passavam batidas. Havia tempos que nenhuma novela caía no gosto popular, nenhuma trama ou personagens eram temas de discussões pelas ruas. Vivíamos mais um daqueles momentos em que diziam a teledramaturgia estar em crise e que o fim das telenovelas estaria próximo. “O Clone” mostrou que tudo não passava de boatos.

Para mim, é a novela mais inspirada de Glória Perez em todos os sentidos. Personagens muito bem delineados, diálogos precisos e uma história sem nenhuma barriga. Jade (Giovanna Antonelli) não era uma heroína típica: sofria demais, mas agia sobre o mundo, sobre aquilo que ela achava certo. Não tinha uma postura de heroína melodramática que esperava por um final feliz. Ardilosa em tempo integral, buscava a resolução dos seus problemas, lutava contra sua cultura em nome de um amor que nunca pôde se realizar por inteiro e em definitivo. Jade é uma heroína trágica, mas com um final feliz bem melodramático. Giovanna Antonelli, assim, protagonizou sua primeira novela e mostrou a que veio, com muita garra. Quem não se lembra a dificuldade que foi na época da escalação de elenco desta novela? Acredito que muitos atores que recusaram participar da trama devem querer cortar os pulsos até hoje.

E para não ser injusto, não podemos deixar de dizer que “O Clone” não seria a mesma sem a direção de Jayme Monjardim. Embarcou de cabeça nas ideias da autora, no clima de “As mil e uma noites”, e transformou a novela em um produto impecável, que mexe com o imaginário do público até hoje.

É uma pena que “O Clone” esteja passando no “Vale a pena ver de novo”, onde os capítulos são cortados e longos demais. Merecia uma reprise no Canal Viva, cujas novelas são exibidas na íntegra. Quem sabe daqui alguns anos... Inch´Allah!

2 comentários:

  1. Acho que o autor (ou autora? Seria bom assinar o texto) imprimiu uma visão muito pessoal e passional sobre a novela. O Clone pode ter sido um sucesso em sua primeira exibição, mas está longe de repetir esse sucesso em sua reprise (seja em números ou em comentários boca-a-boca, e, não pode, nem de longe, ser comparada ao sucesso de Roque Santeiro ou Vale Tudo.É no mínimo um ultraje!

    "Jade não tinha uma postura de heroína melodramática que esperava por um final feliz."
    Se ela fosse uma personagem ágil, teria sido mais eficiente e dado um basta naquela situação em tempo bem menor.

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  2. Gostei da postagem desse texto no blog, mas, o autor (a) poderia muito bem ter assinado. Também acho "O CLONE" uma novela muito bem feita por Glória Perez e uma linda direção do Jayme Monjardim. Parabéns aos dois! Espero que futuramente a autora e o diretor unam-se novente em outra novela. No entanto, exitem outros autores e novelas tão boa quanto e até melhores do que "O CLONE". Ex.: "XICA DA SILVA", "PANTANAL", "KANANGA DO JAPÃO" - TV Manchete, "ÉRAMOS SEIS"- SBT , "TERRA NOSTRA", "DA COR DO PECADO", "SINHÁ MOÇA", "RENASCER", "QUE REI SOU EU?", "FELICIDADE"... - TV GLOBO.

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