“Cordel Encantado” é daquelas novelas bissextas que surgem na televisão e enchem os olhos do espectador e da nossa pseudocrítica. Um esmero de qualidade em todas as áreas de criação e produção, com um texto competente de Thelma Guedes e Duca Rachid e direção de Amora Mautner.
Fiquei pensando o que escrever sobre esta novela, após três semanas de exibição, e achei que qualquer coisa que escrevesse seria repetitivo, uma vez que já foi dito na imprensa por aí afora. Mas o que é bom e inventivo deve ser exaltado! Muitos dizem que o gênero da telenovela está desgastado. Na verdade, “Cordel Encantado” vem mostrar que não há desgaste algum e, sim, preguiça e falta de coragem.
Thelma e Duca que deram uma aula de estrutura dramática em “Cama de Gato” conseguiram se superar. Na novela anterior, criaram uma história muito bem amarrada, sem barrigas e que prendeu a atenção e criou tensão até o último capítulo. E tudo partiu de uma brincadeira que Alcino (Carmo Dalla Vecchia) fez com o amigo Gustavo (Marcos Palmeira). Essa brincadeira infeliz acabou se tornando uma grande trama perigosa, regada à vingança, ambição e redescobertas. Pecou, sim, na superficialidade de algumas tramas paralelas, devido ao seu ritmo acelerado. Mas foi um êxito, no geral.
Não é diferente com “Cordel Encantado”. A habilidade das autoras em apresentar os personagens e as tramas no primeiro capítulo, misturar dois mundos completamente diferentes – de um reino fictício e o do sertão nordestino – de uma maneira crível, é merecedora de aplausos. Serve de exemplo aos futuros autores e a muitos que já estão no mercado e que não conseguem fazer o mesmo.
As autoras não se preocupam em explicar a história, mas, sim, contá-la. Se fosse uma novela de Tiago Santiago, por exemplo, dez capítulos seriam perdidos para explicar o que é um cordel para justificar o título, o que é o cangaço, quem são os cangaceiros, por que agem daquela forma etc. Se percebermos, nada disso foi feito. E não é necessário. A trama bem escrita fala por si só.
É nítido em tela o prazer com que se é feita esta novela pela equipe e por Thelma e Duca, apoiadas a colaboradores competentes, diga-se de passagem, e que não estão ali porque são amigos delas ou por algum motivo obscuro, como acontece em muitas outras equipes de novelas. Porém, esse assunto merece um artigo extra mais adiante. Voltemos à “Cordel Encantado”.
O elenco todo está afiado, mesmo com um trio de protagonistas que acabou de sair de “Passione”. Bianca Bin é uma grande aposta, boa atriz e que foi bastante injustiçada por boatos de que sua atuação em “Malhação” era um dos motivos da baixa audiência (como se “Malhação” fosse um programa bom e merecedor de alguma audiência). Deu um tapa com luva de pelica em “Passione” e mostra garra, como exige a uma protagonista, agora na novela das seis. Bruno Gagliasso tem uma capacidade impressionante de se reinventar a cada trabalho. Não foi tão bem em “Passione”, ainda carrega algumas coisas de Tarso, de “Caminho das Índias”, mas a culpa não é dele, é da Globo que não lhe dá merecidas férias. Já Cauã Raymond é um ator interessante, mas não tem o mesmo talento de Bruno. Está correto como Jesuíno, assim como esteve em seus últimos trabalhos. Mas terá que correr atrás para que Timóteo não o engula em cena.
Vamos ver o que nos reserva os próximos capítulos!
QUENTE
O núcleo de Ricardo Waddington sempre traz boas surpresas em seus elencos e dessa vez não foi diferente: Zé Celso Martinez, Luis Fernando Guimarães, Andréia Horta, Claudia Ohana, Deborah Bloch, Emílio de Mello, Guilherme Fontes, Matheus Nachtergaele, Ana Cecília e João Miguel. Os outros diretores e autores deveriam se mirar no exemplo.
MORNO
Heloísa Perissé é atriz ou é simplesmente a Heloísa Perissé? Algo importante e sério a se pensar, pois tudo que ela faz é igual. Assim como Luis Fernando Guimarães, que há tempos deixou de ser ator.
FRIO
Mais uma vez as participações das crianças deixam a desejar. Com exceção de João Fernandes (Eronildes), todas as outras são péssimas! E não posso deixar de falar de Marcelo Novaes, que mais uma vez faz o mesmo papel de bobo.
Meus aplausos para essa novela fantastica que nos faz lembrar como eh bom se encantar
ResponderExcluirAplausos tambem para esta critica impecavel
e feliz em ver ousadia , muita criatividade e textos de uma beleza singular
ja assiti dialogos nessa novela que nao via desde Janete Clair
muito bom ver Matheus de novo e muito bem ver novos atores tao cativantes . e que principe lindo eh o monjardim , se como Daniel de escrito nas estrelas ele ja surpreendeu nessa novela ele eh um principe CLAP CLAP CLAP
O que preciso dizer? NADA. Não preciso dizer nada para complementar. Faço minhas as palavras desse blogueiro. Aliás, meu caro, por que você também não escreve novelas? Acredito que se sairá muito bem.
ResponderExcluirTambém estou gostando muito da novela. Gostei muito da sua crítica, principalmente em relação ao elenco: Heloísa Perissé e Luiz Fernando Guimarães precisam se reinventar. Abs.
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